Mortimer "Mo" Folchart (Brendan Fraser) e sua filha Meggie (Eliza Hope Bennett), de 12 anos de idade, compartilham uma imensa paixão por livros e suas histórias. Entretanto, ser leitor ávido não é a única característica peculiar de Mo, que guarda um segredo: um talento fabuloso. Embora Meggie não saiba, seu pai é capaz de dar vida a qualquer personagem dos livros que ele lê em voz alta, trazendo-os para o nosso mundo. Mas como todo grande dom carrega grande responsabilidade, para cada personagem que ganha vida em nosso mundo, alguém real se transporta para as páginas dos livros.
Em uma de suas visitas a um sebo perdido, Mo escuta algumas vozes que não ouvia há muito tempo. Quando ele encontra o volume de onde elas partem, um calafrio percorre sua espinha. É Coração de Tinta, um livro repleto de ilustrações de castelos medievais e criaturas estranhas - é o livro que ele procura desde que Meggie tinha três anos de idade, quando sua mãe, Teresa (Sienna Gillory) desapareceu dentro daquele mundo místico.
Porém, o plano de Mo para encontrar o livro e utilizá-lo para resgatar Teresa é frustrado quando Capricórnio (Andy Serkis), o vilão maligno de Coração de Tinta, seqüestra Meggie e obriga Mo a trazer outros personagens malévolos para o nosso mundo. Determinado a resgatar sua filha e devolver os personagens ao lugar onde pertencem, Mo reúne um grupo improvável e meio maluco de aliados - tanto do mundo real, quanto do literário - e embarca numa jornada perigosa e arriscada para devolver a ordem ao mundo.

SOBRE A PRODUÇÃO
Quando foi publicado em 2003, Coração de Tinta tornou-se sensação imediata por conta do talento de Cornelia Funke ao narrar as aventuras da jovem Meggie Flochart e seu intrépido pai, Mortimer, que literalmente combatem as forças do mal num mundo ficcional, mas bastante parecido com o nosso. O livro estreou na nona posição dos best sellers do The New York Times - chegando à segunda posição - e foi traduzido para mais de vinte idiomas, incluindo o Brasil, onde foi publicado pela Companhia das Letras. Essa foi a primeira parte da trilogia "Mundo de Tinta", que inclui "Sangue de Tinta", publicado em 2005, e "Morte de Tinta", lançado em 2008. Cornelia, que escreveu mais de quarenta livros em seus quinze anos de carreira, também é conhecida pelo best seller internacional O Senhor dos Ladrões (outro título da Companhia das Letras) e foi eleita pela revista Time como uma das "Pessoas Mais Influentes do Ano", em 2005.
Diana Pokorny é a produtora do filme e conhece muito bem os efeitos e influências dos romances nos jovens leitores. "Minhas filhas são leitoras vorazes e o livro favorito da mais velha é Coração de Tinta. Ela conhece a história de cor e salteado e não pára de falar sobre ela, então pareceu coisa do destino estar envolvida na produção desse filme. Como produtora, mãe de duas fãs de carteirinha - e também fã do livro por tabela -, claro que encarei tudo isso de forma quase mágica, afinal de contas, ver o conteúdo daquelas páginas que tanto amamos ler e discutir como família se tornar realidade foi fantástico".

O longa-metragem Coração de Tinta é dirigido por Iain Softley, que também foi um dos produtores. "Asas do Amor é um dos meus filmes favoritos e uma das adaptações literárias mais brilhantes que assisti, então, quando fiquei sabendo que Iain estava interessado em dirigir Coração de Tinta, fiquei empolgadíssima", comenta Cornelia Funke, a terceira peça do time de produtores, que considera Softley como a pessoa ideal para comandar esse projeto.
Foi a concepção de Softley que conquistou Cornelia: "Tinha tanta certeza que ele representaria a Itália da forma como eu esperava, não como um cartão postal ou uma mera recriação, mas algo real, cru e maravilhoso ao mesmo tempo. Sabia que ele não deixaria de lado a parte mais sombria da história, mas que recriaria isso com o cuidado e envolvimento emocional necessários. Ele é um excelente diretor e consegue desempenhos incríveis, mas também dedica muito de seu talento ao lado visual que sempre aparece lado a lado com um excepcional senso de textura e cores. É o sujeito que pedi a Deus e não conseguiria imaginar Coração de Tinta nas mãos de outra pessoa".

Softley não precisou de muito convencimento para embarcar no projeto. "Coração de Tinta é uma realidade mágica, cheia de maravilhas e personagens vibrantes", diz o diretor. "É uma história encantada capaz de misturar o dia-a-dia com a fantasia por meio de uma história central ao mesmo tempo cativante e emocional. Cornelia Funke criou um material tão rico e vivo que realizar o filme se tornou algo bem fácil. Suas ilustrações e descrições serviram como linha condutora para todos os envolvidos entenderem esse novo mundo e é exatamente isso que estamos criando - um novo mundo originário de um livro dentro do livro".
Curiosamente, Cornelia Funke imaginou o visual de Brendan Fraser quando começou a escrever sobre o personagem Mortimer "Mo" Folchart. "Brendan inspirou esse personagem desde o princípio", atesta a autora. "Mo tem o rosto e a voz de Brendan - ele tem um timbre excepcionalmente belo e expressivo, algo que, claro, é muito importante para Mo. Ele foi o melhor guia de todos enquanto criava a trilogia 'Mundo de Tinta'".
De acordo com Softley, "Brendan sempre foi o modelo perfeito para Mo na mente de Cornelia e concordo plenamente com ela. Ele tem um perfil bastante marcante, mas ao mesmo tempo sensível".

"Imaginei tanto a tristeza quanto a leveza na vida de Mo e Brendan transita facilmente entre esses dois perfis. Precisava de um Mo que pudesse ser, ao mesmo tempo, um livreiro calmo e pé no chão e alguém em que acreditemos ser capaz de lutar contra um bando de vilões medievais. Brendan também foi um ótimo modelo físico para tudo isso. E, por fim, imaginei um pai jovem o suficiente para, às vezes, trocar de lugar com sua filha, para que ela também possa tomar conta dele", explica Cornelia Funke, que enviou um exemplar de presente para o ator e, pouco depois, se tornaram amigos.
Eliza Hope Bennett interpreta Meggie, a filha de Mo, uma bela jovem que herdou o maravilhoso dom do pai, mas não sabe disso. "Eliza incorpora toda a bondade, inteligência e carisma de Meggie", diz Softley. "Ela é capaz de representar diversos tipos de emoções e atitudes de modo bem natural, do humor e esperteza até a raiva e tristeza".
O filme foi um desafio para Bennett especialmente pelo fato de participar de todas as cenas, mas, de acordo com Diana Pokorny, foi algo que ela realizou de modo admirável. "Todo trabalho com crianças envolve um certo medo de que elas não consigam manter a força e a intensidade necessária durante todo o filme, mas Eliza foi extraordinária. Ela não só deu um show em seu trabalho como também se posicionou de igual para igual com os astros veteranos do elenco. Definitivamente, ela brilhou e provou ser uma profissional competente e muito talentosa", diz a produtora.

Em termos de elenco, um dos maiores desafios foi, sem sombra de dúvida, garantir Helen Mirren para o papel de Eleonor, a tia-avó de Meggie. "Helen Mirren é uma atriz fantástica, mas ficamos receosos se ela aceitaria participar, ou melhor, se teria tempo para trabalhar conosco por conta de sua merecida maré de sucesso com A Rainha", conta Pokorny. "Entretanto, tudo deu certo e ela adorou o roteiro, inclusive dando várias idéias para sua personagem. Tivemos muita sorte em poder contar com ela, afinal, não havia ninguém melhor que ele para esse trabalho."
O elenco principal de Coração de Tinta também inclui outros três atores ingleses de renome internacional: Jim Broadbent é Cornelius, o autor fictício de Coração de Tinta - o livro dentro do livro, que recebeu este nome em português como uma homenagem à autora Cornelia Funke; Andy Serkis vive o nefasto Capricórnio, o vilão literário que ganha vida e planeja trazer todos os seus comparsas malévolos para nosso mundo; Paul Bettany interpreta Dedo Empoeirado, o engolidor de fogo que também deixou as páginas do livro Coração de Tinta e deseja, acima de tudo, voltar para lá e ficar com sua família, para isso se une a Mo e Meggie para derrotar Capricórnio. Outro integrante do elenco é o novato Rafi Gavron, no papel de Farid, um ladrão adolescente que escapou das páginas do clássico As Mil e Uma Noites.

As filmagens de Coração de Tinta começaram em locações na Ligúria, região montanhosa da Itália, e depois seguiram para o Shepperton Studios, na Inglaterra. "Achei muito importante filmar essa história onde ela foi idealizada e situada", explica Softley. "O livro apresentava todos os traços e características da Ligúria, lugar onde Cornelia Funke viveu enquanto escreveu o romance. Depois de algumas sondagens na região, notamos que a paisagem e a geografia ofereciam uma variedade incrível; a combinação de vilas montanhosas com cidades litorâneas era perfeita para filmarmos todas as locações externas do filme".
"Nunca vou me esquecer da estranha mistura entre vida moderna e clima medieval que encontrei naquela parte da Itália", diz Cornelia, que viveu na Ligúria quando sua filha ainda era um bebê. "Foi um período muito feliz da minha vida e aconteceu enquanto a idéia de Coração de Tinta ganhava forma. Não havia lugar melhor para situar a história. É muito fácil imaginar Capricórnio se escondendo numa das vilas abandonadas nas montanhas. Também foi minha chance de escrever uma carta de amor para aquele lugar fabuloso".
Cornelia visitou o set de filmagens em diversas ocasiões e impressionou a todos. "Foi muito empolgante tê-la por perto, pois Cornelia é tão entusiasmada e embarcou totalmente no projeto. Como sempre acontece, fizemos várias mudanças no roteiro, se comparado ao livro, mas ela aprovou as releituras e isso foi muito, muito importante. Conseguíamos ver em seu rosto a reação empolgada por ver suas idéias e personagens ganharem vida", relembra Softley.

Para Funke, ter se envolvido tão intensamente na adaptação cinematográfica de seu romance foi enriquecedor e inesquecível. "Mesmo sendo uma escritora, fica difícil encontrar palavras para descrever essa experiência... encantadora, mágica, inebriante, intensa, inesquecível... qualquer uma dessas representa a verdade. Senti como se fosse Cornelius quando pisei no set de filmagens pela primeira vez na Ligúria e fui surpreendida ao ser cercada pelos capangas de Capricórnio. O mesmo aconteceu quando visitei o Shepperton Studios e vi Dedo Empoeirado ali, parado na chuva; realidade e imaginação se tornaram uma coisa só de um modo maravilhoso. Tudo que vi foi tão próximo das imagens mentais presentes durante o processo de criação que cheguei a suspeitar que Ian Softley, John Beard, Roger Pratt e todos os artistas envolvidos descobriram uma porta secreta para dentro da minha imaginação. Algumas coisas ficaram melhores do que eu pensei originalmente, aliás. Um escritor nunca vê seu mundo com tanto detalhamento assim. Eu não sabia como era a aparência do piso do castelo de Capricórnio e nem mesmo quais quadros estavam pendurados nas paredes da casa de Eleonor. Agora eu sei de tudo isso - e não há presente melhor para um autor do que receber uma contribuição como essa vinda de outros artistas tão brilhantes.

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